sábado, janeiro 29, 2011

Viver.


"Para que viemos?"

As vezes vivemos tão presos e cegamente a essa realidade que nos rodeia, dotada de paradigmas, de modelos em série a serem seguidos, de "pensamentos" já pensados, de caminhos sugeridos... de "receitas", que esquecemos que o "viver" traz - seu brilho, textura, formas, alternativas, dinamismo e autenticidade.

A vida não vem descrita atrás de uma caixa de alimento que se compra no supermercado com o "Modo de preparo" que ao final indica um possível resultado. Partindo desse pressuposto, fica evidente que essa 'passagem por tal realidade' até então vivenciada, por assim dizer, é algo ligado a uma linha pré-definida do que devemos ou não fazer. Será possível, de fato, afirmar isso?

Escolhas existem. Se a decisão for por essa alternativa, a renúncia de outra será realizada mesmo que indiretamente, aliás, será diretamente e segundo uma conseqüencia. Pode-se dizer que neste ponto nos deparamos com uma espécie de liberdade... agora, porque "espécie"? Será que a liberdade é tão "livre" assim? Digamos que pelo significado - estrutura gramatical - deve ser encarada dessa forma, porém ao esmiuçar esse conceito sob um outro ângulo, é possível identificar o fato de que a liberdade se torna escrava da escolha, da decisão, do "de qual caminho seguir?". Então, como "escravidão" (no sentido de vínculo) pode combinar com "liberdade"?! Paradoxal, não?!

Uma vez que é preciso decidir sobre determinada situação, a liberdade dá o seu parecer, segundo algo necessário e, indispensável também ao se considerar que ela é quase que obrigatória de existir para que seja feita uma escolha.

Teoricamente, liberdade não combinaria com obrigatoriedade, nem com necessidade... há de se considerar que os contextos nas quais essa pode, porventura, surgir, sua obrigatoriedade vem de guarda-costas!

Há de se considerar que escolhas são feitas sempre visando um sucesso, mesmo que a longo prazo. Por que? Seria isso algo um tanto quanto cultural? Ou essencialmente cultural? Ou, ainda, pode ser um aspecto intrínseco à essência humana - o que por sua vez é complicado de afirmar por esta ser tão misteriosa (obscura), ao mesmo tempo em que é imprevisível? Atrelado a isso, vem a necessidade de sermos reconhecidos pelo outro, como já afirmava Adler.

Esse "sucesso" de que estamos falando, pode sim ser um reconhecimento. Por que não? A relatividade existe! E, se formos pensar que esta busca é para apresentar aos outros, como um esforço em alcançar algo que a sociedade instituíu em nosso repertório de desejos, há de se admitir que algo subjetivo pode estar sendo tamponado em face aos "desejos" externos... Há de ter uma mediação entre o que vivencio enquanto uma experiência única e voltada à escuta do meu próprio ser e o que o todo a minha volta tenta impor por meio de sutis sugestões, até mesmo subliminares. Uma forma de parear "o que sou realmente" enquanto um ser desejante e o que o meio consome de mim e me faz consumir do universo ao redor.

Ps.: "Texto" encontrado em arquivo guardado e quase "esquecido"! [[:
M.

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