domingo, setembro 19, 2010

Institucionalizando os relacionamentos?



O que as pessoas esperam das outras ao firmarem o “acordo do apego”?
- A partir de hoje, somos namorados então? Ai amor, que lindo! Namorado, te amo.
O que a vida espera de um “namoro” pelo rótulo? Aliás, a vida não, a pessoa em si para com a outra, na verdade. O que é preferível, viver o rótulo, a superfície da palavra, ou o seu sentido como um todo, ou seja, vivenciar e apreciar os momentos e atributos que tal palavra traz consigo?
Será mesmo que estamos “viciados” – alienados – naquele nome que denomina as relações interpessoais e nem nos damos conta quando as estabelecemos? Outro ponto daí emerge que é justamente o fato de estabelecer um acordo para com o outro. Não vivemos em um mercado de ações ou em uma empresa, porém nos encontramos em uma instituição denominada VIDA, na qual os “acordos” não são instituídos e, sim Reconhecidos.
Ao reconhecer o outro seja por motivos que nem você próprio distingüe, é possível sentir e perceber algo de sutil e, ao mesmo tempo, forte que te faz ficar perto seja em pensamento mesmo estando longe... Algo contraditório, não?! Parece ser de fato um paradoxo necessário ao viver... Contrários pensamentos? Flutuantes pensamentos? Abstratos pensamentos?
Mas sem nos distanciar do assunto da institucionalização do amor para com outrem, voltemos naquilo que nos instiga. Que acordo do apego seria esse? Um medo incutido de não ficar sozinho? Podemos nos bastar perante os outros de “fortões da emoção”, de “pego e não me apego”...? Mas será que podemos afunilar tais comportamentos para uma real vontade de compartilhar um telefonema ou uma conversa descontraída num domingo a tarde sentado na grama e olhando pro céu azul e ensolarado debaixo da árvore? Precisamos deste alguém para completar ou “DEScompletar” nossos pensamentos, não?!
Precisar denota uma necessidade básica, se encararmos essa necessidade como algo vinculado ao desejo de não se sentir tão só, de não sentir aquela saudade parasita, de não ter com quem conversar até de madrugada, o que seria da nossa existência? Porque do “existir”? Nos reconhecemos no Outro? Talvez o ser humano se sente mesmo confortável e, até mesmo, um bem-estar constante a partir do momento que é reconhecido pelo outro. Se fosse para vivermos como um peixe ou uma ilha não teria importância sermos rodeados de pessoas... até a reprodução em si não seria nem relevante então... Ao falarmos de ilha, pelo menos ela tem a água... Provavelmente, não há nada sozinho por si mesmo, que vive sua vida material sozinho... Nem o peixe! Não temos conhecimento profundo a respeito da sua comunicação para com os demais outros peixes para afirmarmos que ele também vive sozinho!
Enfim, o que podemos concluir ou afirmar? Talvez nada no momento! Não sabemos o motivo de existirmos e nem o que vem após a morte, provavelmente daí se fundamente nosso “temor pelo fim da vida terrestre”. Por isso, podemos ter medo de nos apegarmos às pessoas que cativamos aqui e que somos cativados e/ou pelo que construímos “com tanto esforço” enquanto patrimônio confortável e feliz, uma vez que iremos ter de deixar o que está aqui e o que é daqui para passar para um “outro patamar”... Não sabemos o que é o “além” ou o que vem depois do “nada”, que sempre é alguma coisa... Já ouviu falar a frase: “Nossa, não cheguei em lugar nenhum com esse pensamento!”, isso implica que a pessoa Chegou em algum lugar, senão não teria a experiência que algo não surtiu efeito, uma vez que o foi experienciando até encontrar uma resposta de “lugar nenhum”, que é mera aparência para “algum lugar” o qual não vou repetir para não obter o mesmo resultado. Ou seja, chegar em lugar nenhum, já é chegar a algum lugar!
Enfim, parece ser esse mais um assunto a ser “averiguado” a diante pela vida e/ou postado aqui enquanto uma tentativa de entendimento dos laços interpessoais e do viver. Foi muito curta a passagem para falar a respeito, partindo do pressuposto que o “medo de ficar” sozinho aflige de tal forma as pessoas que apelam pelos programas de TV, pela rádio, pelo jornal, pelas tentativas frustrantes de suicídio, pela internet a fora em busca de “alguém” que implica ser uma pessoa pela qual se sinta bem, que tenha vontade de se doar, de doar seu tempo de vida para partilhar o que é esse mistério do viver.

M.

PS: Vontade súbita de escrever nesse domingo a tarde... Sendo assim, não me detive tanto na estruturação rígida do texto e sim na espontaneidade do pensamento que "apareceu" mediante reflexões anteriores, já que a vida é um grande "encademaneto" de acontecimentos do dito "passado", de expectativas, de supresas, de esperanças imediatas, de emoções, de pessoas, de lembranças, de coisas únicas... enfim, o que é a vida em uma específica palavra ou frase? Não tem como saber... Acho que a regra é "Viver" tudo que sentimos vontade, uma vez que a felicidade é subjetiva. Como, já dizia o LuluSantos, parece que a regra natural e inerente a essa grande, misteriosa e instigante instituição é "(...)viver tudo que há pra viver(...)"

sexta-feira, setembro 10, 2010

Dois mundos. Cadê a realidade? Mundo Aparente?

Diante da dualidade platônica: mundo inteligível x mundo sensível, dar-se-ia, de fato, o alcance da verdadeira sabedoria através da morte? De acordo com Platão em seu livro Fédon, a “resposta” para tal indagação encontra-se na libertação do corpo, partindo do pressuposto ser este o “cárcere da alma” e, que, carrega consigo os impedimentos para tal “evolução”. Seria, então, como afirmou uma das integrantes, o corpo uma passagem enquanto a alma sobrevive?
A partir disso, enquanto o corpo é da ordem material dotado de apego aos prazeres da vida, a alma como habitante dessa entidade seria o quê? Uma idéia, por assim dizer?
Segundo uma visão contemporânea no que diz respeito à esse apego material, uma vez que o corpo é visto como um “entrave” ou “detentor do prazer”, os participantes da roda filosófica se questionavam se a raiz desse apego material não faria o homem um ser limitado? Além disso, não o tornaria, ou melhor, não o faz o consumista dos dias de hoje? Seria um prazer plástico? Podemos, realmente, atrelar o ser humano à afirmação: “O homem ficou aterrado ao materialismo”? Frente à essas reflexões, a alienação pode ser encarada como uma constante, incessante, ou até mesmo, “cega busca” pelo prazer? Vinculado a isso, podemos pensar o que vem por detrás desse fenômeno como algo da ordem da falta, do vazio... É a falta do não ter?
“Eu não tenho e quero ter!” Essa frase pode ser interpretada como um constante fluido que caminha de mãos dadas com a dita alienação rumo ao grande consumismo do universo capitalista? Acrescenta-se a essas interrogações o que foi exposto no Café: “O ser humano vai sendo engolido por essa realidade...”; Qual o lugar do prazer na realidade? Se sou um filósofo, como posso reduzir as coisas materiais? Sou escravo das minhas escolhas, dos meus pensamentos? Eu tenho o corpo. E o corpo, me tem? É possível viver com uma dosagem significativa de autonomia, de liberdade? Qual seria o caminho de acesso à isso?
Corpo, alma... Corpo x alma... Apego, prazer, sabedoria... Liberdade!